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O fim

Este é o último do primeiro dia.
Morri internamente, não aguentava mais. Hoje tudo recomeçou, mas recomeçou morto. Passei por muito sufoco, passei por muita tristeza; passei por momentos que não quero que ninguém passe porque eu sei o quão ruim é. 
Ouvi coisas que ninguém deveria nunca ouvir, vivenciei coisas que eu esperava não ter que viver e que, no fundo, eu nem sabia que poderia existir; tamanha crueldade que infelizmente existe no mundo.

Este é o último do meu primeiro dia.
Eu espero que ninguém sinta nada do que eu sinto. Agora, eu não sinto fortemente, o meu interior se fechou, não sei se um dia eu teria felicidade e paz suficiente para que fosse aberto e, assim, me permitisse sentir tanto e sentir algo a mais.
Um dia, eu já fui feliz; em outro, fui forte; agora, estou fraca.

Este é o último do meu primeiro dia. 
Estranho pensar que tanto aconteceu. Agora eu tenho uma marca horrível no corpo. Eu só consigo sentir dores e é inimaginável o quanto eu estou sofrendo. A partir de agora eu tenho mais certeza que terei mais vergonha do meu corpo, de como eu sou. Causei uma marca que nunca imaginei ser capaz.
Apenas noto que não sou forte para mais nada, eu não tenho condições de imaginar e fazer de tudo para conseguir a realização de sonhos que eu tive um dia. Hoje eu sou um vazio.

Este é o último do meu primeiro dia.
Decepcionei as pessoas que dizem gostar de mim. Nunca acreditei que alguém gostou de mim um dia, não nasci para ser feliz e nem ter pessoas que gostem de quem eu sou. Infelizmente, a decepção que eu gero sempre foi maior, eu não sou e nunca fui a pessoa que levou alegria para alguma pessoa que conviveu.
Um dia, espero que logo, isso tudo acaba. As decepções acabam. Os erros acabam. A minha vida acaba.

Este é o último do meu primeiro dia. 
Morri internamente, não me pergunte como será daqui para frente.
Morri internamente, hoje eu já não sinto mais nada.
O recomeço está vazio e assim vai continuar...

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