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Carta aberta à Matheus Rocha

Olá! Tudo bem?
Sei que nunca nos encontramos. Mas eu sinto você muito próximo de mim em muitos momentos. E é fácil explicar o porquê disso.
Certo dia, me descobri com problemas maiores do que poderia imaginar e que conseguiria suportar. Já comentei algumas vezes aqui, muitas por entrelinhas, sobre como eles me afetam no meu dia a dia. Não é fácil se ver tão nova com problemas como ansiedade e depressão e não ter ninguém ao seu lado para te ajudar.
Pois é, começo assim porque é bem nesse caminho que eu segui por muitos anos até chegar num ponto que encontrei a pessoa que está ao meu lado até hoje, que aprendeu a lidar e que, hoje em dia, é o maior entusiasta de tudo que eu penso - assim como sou dele. Ele, que nunca tinha passado pela sensação de ter um contato direto com uma pessoa que tem inúmeras crises, buscou aprender pouco a pouco como chegar no ponto de paz. Se dependesse apenas de mim, eu talvez nunca teria chegado nele, nem saberia como ativá-lo...
Mas, voltando ao momento em que me vejo estranhamente íntima em escrever isto, um dia, alguns meses atrás, na verdade, passei pela pior crise que eu poderia ter. Quando você tem esses dois problemas, parece mais difícil de suportar, parece que o pouco de chão que existe no mundo também desaparece e toda força gravitacional só quer te jogar lá para o núcleo do mundo e te engolir.
Foi nesse dia que você chegou indiretamente na minha vida.
Nesse dia, eu não conseguia pensar ou ver outra coisa na minha frente além de uma placa levantada pela minha consciência, farta daquelas situações, que dizia: sua única saída é a morte. E eu acreditei. Seria melhor não, mas eu não tinha mais forças e só pensava que assim ia sair dessa. Morte nunca me deu medo. Tive mais certeza em várias outras crises - sim, não foi a primeira vez que pensei e acatei a ideia de buscar logo esse fim. Eu tenho medo da morte de pessoas próximas, mas nunca da minha.
E, então, num ápice dela chegar, eu vi alguém fazendo de tudo para chegar do meu lado, implorando para que eu parasse e com umas folhas na mão. Não entendia porquê tentavam me impedir tanto. Eu nunca faria falta para ninguém, sempre incomodei e fui fardo. Por que não deixavam eu acabar com isso logo? E foi ai que esse alguém começou a ler...
O título era "Obrigado por não desistir". Essa foi a última coisa que leu, depois de todo o texto, porque a medida que era lido, me sentia frágil e cada vez que ela aumentava, eu perdia toda força de tentar algo contra mim. E aí, eu desisti do ato, mas não da vida.
Mas eu nunca soube de quem era... até que um dia, nas redes sociais - eu já seguia você - apareceu uns posts sobre seu livro "Não me julgue pela capa", e eu tive vontade de comprar. Levei tempo, mas consegui. E, à medida que eu lia, me identificava pouco a pouco. Até dado momento, nunca me passava na cabeça que aquele texto que me fez desistir daquela ideia era seu.
Até eu chegar na parte 3 do livro. Na primeira linha me veio o choro, a lembrança daquele dia. Eu queria encontrar meu namorado a todo custo para que ele me ajudasse porque eu conseguia perceber a crise vindo mais uma vez. Mas ele não podia. Mas eu me forcei a encontrar a estabilidade e seguir em frente. Ao chegar na última página, só sabia agradecer novamente por aquele alguém, por você ter escrito esse livro um dia. E então, chegamos ao dia que eu me vi escrevendo isto para você a fim de expressar toda minha gratidão.
Portanto, cá estou eu, agradecendo pelas suas palavras. Pela força que me deu. Por ter se aberto no seu livro. Por ter encarado o mundo e suas duras críticas. Por ser gente como tanta gente e não se esconder e falar de coisas que não retratam realidades. Apenas posso te agradecer por ser assim.
Que você continue nessa caminhada, fortalecendo tantas outras pessoas como a mim. Que você continue na sua luta constante, rodeado das pessoas que são as suas melhores companhias. Que você tenha ainda mais sucesso na sua vida.
Obrigada por não desistir do seu livro.
Obrigada por me salvar.

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